T – Gostas de ver as tuas ilustrações nos produtos Toranja?
MJF – Gosto imenso e é mt gratificante. Para além das ilustrações terem encaixado muito bem nos objectos toranja, é também uma forma de chegarem a mais pessoas.
As minhas composições são na sua grande maioria muito “alegres” no que diz respeito ao jogo cromático (embora com conteúdos densos) e isso, por sua vez, também vai dar muito dinamismo e frescura ao espaço da casa decorado ou aos acessórios usados.
Por outro lado, poder ver criações pessoais a entrar na “vida real” é uma sensação muito boa.
T – Qual é o objeto Toranja que combina melhor com o teu trabalho?
MJF – É difícil escolher um. Julgo que quase todos funcionam muito bem. As composições mais pop funcionam muito bem nas Bimbys e leggings. Os temas mais femininos assentam bem em bolsas e almofadas.
T – O que te parece ter o teu trabalho divulgado e acessível deste modo?
MJF – Fiquei muito feliz com esta possibilidade. Através de objectos, as ilustrações chegam mais facilmente ao mundo. E com vendas online, esse acesso ainda é mais imediato.
Por outro lado, é bom ver as composições nestes suportes e não apenas em paredes. Ganham outra vida desta forma, entram e acompanham-nos no dia-a-dia, tornando-o menos monótono e mais colorido 🙂
T – Como têm reagido os teus amigos e os apreciadores do teu trabalho ao verem as tuas ilustrações em produtos/objetos tão diversos?
MJF – Têm gostado imenso e muitos têm comprado algumas peças. Noto que alguns amigos e conhecidos se interessam até mais por estas aplicações do que pelos formatos artísticos convencionais porque desta forma os objectos triviais ganham um carácter diferente e especial.
T – Que produto Toranja escolhias para oferecer à tua mãe ou à tua melhor amiga?
Isso já aconteceu 🙂 Escolhi a Clutch “Female Life” para oferecer à minha mãe. Para mim é um objecto que transpira feminilidade, já que para além de ser uma bolsa, está ilustrada com uma composição super feminina.
T – Como fazes as tuas ilustrações? Que materiais usas?
MJF – As minhas composições são criadas com “colagens” digitais, quase sempre com cores muito vibrantes. Este tipo de registo é muito “cru” e espontâneo, permitindo ilimitadas possibilidades de experimentação no que diz respeito à desconstrução e construção da imagem, ou seja, os fragmentos são “recortados” e descontextualizados e, quando inseridos noutro contexto, transfiguram-se. E é nesse jogo que reside a beleza desta técnica. O nome dado ao projecto, “The F Chain – Fragment, Figure & Frame”, parte desse princípio. Os fragmentos provenientes de diferentes contextos juntam-se a outros fragmentos no jogo das experimentações, formando figuras que, no seu conjunto, formam a história e o enquadramento final (frame). As “colagens” são feitas com elementos gráficos, tipográficos e fotográficos. Os elementos gráficos são quase sempre desenhados digitalmente ao mais alto detalhe (Adobe Illustrator e Photoshop). Identifico-me muito com uma estética “Pop Art” e “Vintage” no sentido em que são correntes com muita força visual, com muita identidade, quer em termos formais, quer cromáticos. A paleta de cores é muito saturada, intensa, brilhante e vibrante. Os desenhos são muito gráficos.
T – Fala-nos um pouco sobre uma das tuas ilustrações.
MJF – A composição “Time Bomb” reflecte uma fase específica da minha vida. Na composição estou “eu”, os meus objectos, os receios, os desejos, os hábitos, etc. É uma miscelânea.
Vou contar também um pouco da história/mensagem do “Out of fiction”. O casal abraça-se num gesto comovente e profundo, como que atingindo o “fim último de todas as coisas”, o que move o ser humano e que nos filmes se reduz ao feliz “the end”. Aqui, as personagens estão a sair da televisão, como que a fazer passar a mensagem de que aquele momento sai fora da ficção e pode invadir a realidade, mesmo que seja apenas isso, um momento congelado no tempo. Essa procura é urgente. Passamos a vida em busca daquilo que lhe dá sentido mas que é simultaneamente utópico, inalcançável e ficção. O “the end” e o “para sempre” só poderão sair momentaneamente da ficção.
T – Se tivesses de escolher um produto com ilustração de outro artista qual escolhias?
MJF – Escolha difícil. Escolhia vários. As leggings “Mariposas azuis” da Benedita Feijó, a tela “Quero Crescer” ou a Clutch “Amo-te” de Natália Cóias, o skin “Gelado Amor” de Margarida Girão, o poster “Lisboa Pop” de Nuno Martinho, “Queridos Sapatos” de Paulo Galindo e o saco “Frida Kahlo” da Mónica Mota.
T – Queres deixar alguma pergunta para algum dos nossos autores?
MJF – Não. Queria dizer apenas que tenho muito orgulho em fazer parte deste pequeno e talentoso grupo de ilustradores!
Obrigado Maria João Faustino!
Pode conhecer mais profundamente o trabalho da Maria João Faustino em http://toranja.pt/categoria-produto/autores/maria-joao-faustino/